segunda-feira, 30 de novembro de 2009
Artelhos molhados
Percorro nestas águas e estas não molham nem meus joelhos sujos e de tanto vagar, um dia ouvi dizer que existem águas que excedem estaturas de grandes homens. Mas nestas que ando só molham meus artelhos. Portanto, não alcançam as sujeiras do meu peito, não refrescam minha cabeça.
E nesse duradouro pisar, eu ouvi dizer dum vale que lava de corpo e alma os grandes homens que voltam das guerras travadas com a insanidade, a lamúria, a mentira e o medo. Tento lembrar-me da feição do homem que essas cousas, falou-me. Mas seu rosto não eu consigo lembrar, lembro-me apenas que era grande e nele espelhei-me, como nas águas.
Ademais me disse: Que se eu percorresse ainda que nas águas rasas, certo dia eu encontraria as águas mais profundas. E completou dizendo: Que essa busca é árdua e nos faz sofrer. Eu tão somente o ouvi e tornei a seguir meu caminho. Este que ainda estou a caminhar, que por vezes bate-me um desespero e passo a correr a fim de encontrar as mais profundas águas brevemente.
Mas logo venho a cansar-me, daí passo a andar mais devagar e ao pensar o quanto posso estar longe das águas que almejo, minhas lágrimas caem diante de mim, caem por sobre as águas, as quais a mim não passam de espelhos. Caem, caem e caem por sobre as águas que molham somente meus artelhos.
Devo chorar, contudo, estarei a caminhar enquanto forças houver.
Por Dias, Anderson
sábado, 14 de novembro de 2009
De menino a fera
Não pense que estou na solidão, preparei-me nessa dor. Agora sou apenas mais um em meio à imensidão, um mero cidadão, você vive a me notar, mas agora não irá perceber-me.
Não verás aquele mesmo bom menino. Não vou dizer onde estarei, mas voltarei a ser escravo do meu circadiano moderno, sou eterno em suas vísceras, por ali percorro não porque ainda quero, mas sim, porque você se arrependeu de deixar de ingerir-me. Ou seja, não me esquece, não é?
Vou andar na rua a sorrir, a cantar, a chorar, tornar-me-á escravo de mim mesmo sem seu consentimento. Sem o incerto, quão somente o gozo do momento, sou eu, por mim, sou eu por mim mesmo e será assim.
Você parece que vai explodir, até porque seu orgulho não te deixa extravasar, não te deixa jogar a real na tua última ficha....faça isso, é uma gentileza a ti. Não é vergonha reconhecer que escolhestes errado.
Vai...
Eu fiz isso, eu gritei... Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaarh!!!
Hei! Eu gritei e mudei de vida.
Não pense que estou na solidão, sim foi difícil, no entanto, digo que superei e que agora sou um mero cidadão, a cantar, a sorrir, a trabalhar, a chorar, a angustiar e vai além...
Não pense que ainda sou aquele bom menino, tão tolo e frágil, ele cresceu. Quem diria? O bom menino cresceu num estorvo ambiental. Tornou-se fera, chorou por matar o menino, e se fez cidadão a fim de não ser visto por ti.
Fera, sagaz. Quem diria?
Não pense que estou na solidão e por último um mero aviso...
O bom menino morreu e a fera partiu a viver, logo, não há porque aproximar-se.
Deixa a fera sorrir, chorar e viver.
Por Dias, Anderson
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