sábado, 14 de novembro de 2009

De menino a fera


Não pense que estou na solidão, preparei-me nessa dor. Agora sou apenas mais um em meio à imensidão, um mero cidadão, você vive a me notar, mas agora não irá perceber-me.

Não verás aquele mesmo bom menino. Não vou dizer onde estarei, mas voltarei a ser escravo do meu circadiano moderno, sou eterno em suas vísceras, por ali percorro não porque ainda quero, mas sim, porque você se arrependeu de deixar de ingerir-me. Ou seja, não me esquece, não é?

Vou andar na rua a sorrir, a cantar, a chorar, tornar-me-á escravo de mim mesmo sem seu consentimento. Sem o incerto, quão somente o gozo do momento, sou eu, por mim, sou eu por mim mesmo e será assim.

Você parece que vai explodir, até porque seu orgulho não te deixa extravasar, não te deixa jogar a real na tua última ficha....faça isso, é uma gentileza a ti. Não é vergonha reconhecer que escolhestes errado.

Vai...

Eu fiz isso, eu gritei... Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaarh!!!

Hei! Eu gritei e mudei de vida.

Não pense que estou na solidão, sim foi difícil, no entanto, digo que superei e que agora sou um mero cidadão, a cantar, a sorrir, a trabalhar, a chorar, a angustiar e vai além...

Não pense que ainda sou aquele bom menino, tão tolo e frágil, ele cresceu. Quem diria? O bom menino cresceu num estorvo ambiental. Tornou-se fera, chorou por matar o menino, e se fez cidadão a fim de não ser visto por ti.

Fera, sagaz. Quem diria?

Não pense que estou na solidão e por último um mero aviso...

O bom menino morreu e a fera partiu a viver, logo, não há porque aproximar-se.

Deixa a fera sorrir, chorar e viver.


Por Dias, Anderson

4 comentários:

Silvia disse...

esse é um dos seus melhores!
mas por mais que eu admire os homens, sinto falta dos meninos, mesmo que tolos.

lindíssimo

Rafaelle Benevides disse...

estorvo ambiental... me lmbrou o livro do chico buarqu chamado estorvo. beijos. parabéns pelo post.

Luiza de Freitas Nunes disse...

Ah saudades destas palavras, da mistura do português antigo com o tão recente.
Saudades matam sabia? kkkk
Quanto ao texto, maravilhoso. Meninos crescem e viram homens, viram feras, mas há sempre o antigo menino dentro deles, mesmo que tão bem escondido.
Homens são meninos e meninos são homens ao seu tempo.

Grande beijo e tem selo pra ti la no blog!

Branca disse...

Lindo poema, assim como tudo o que escreves!!!

Mandei um convite pra continuar acompanhando meu blog Script Manent.


bjo no seu coração