sexta-feira, 26 de março de 2010

Há tempo, não há motivos


Sentido contra mão, deveria eu estar à caminho do Anhangabaú, mas sigo Tucuruvi, lançando-me fora do real objetivo.

Logo venho a indagar-me. Quais são meus motivos?

Prematuramente, nasce um silêncio, um silêncio ditador. Um silêncio que sufoca a verdade que há dentro de mim. Verdade esta que não sente as primícias do alvorecer, pois adoece, ora num velho colchão, ora num simplório sofá.

Lá fora, o dia acontece e os pássaros cantam, mas nos cantos não encontro motivação.

Lá fora, rajam os primeiros raios solares, mas neles não há para mim, inspiração alguma.

Por vezes, sinto-me sem forças na alma, sem alento, sobretudo sem sentido. O relógio, já registra nove e quarenta e dois da manhã e ainda não encontrei motivos para sorrir. Cada minuto sem motivo é cada minuto sem sorriso, resumindo-se em tempo perdido. O tempo não vai esperar você encontrar motivos para sorrir.

O tempo não pára, há tempo, não há motivos, há silêncio, não há motivos.

Por Dias, Anderson

terça-feira, 16 de março de 2010

Ela sonhou


Ele (o rapaz) estava com ela (era sua mãe), sentados a mesa do bar, o bar era de esquina, havia muita gente ali. Certamente, os dois conversavam a vontade, o rapaz estava com uma camiseta mostarda, uma de suas preferidas, que ganhara a um bom tempo dum amigo mui próximo.

Repentinamente, uma moto com dois homens, aproximou-se e um deles disse:

- É aquele ali, é aquele ali que quero matar! (Apontando para o rapaz de camiseta mostarda)

A mulher que estava com o rapaz, levantou-se impetuosamente e gritou:

- Não, ele não! Atire em mim!

Entretanto, ela não pode evitar e o homem da garupa acertou seu alvo, o rapaz. Após o disparo os homens da moto, foram rapidamente embora e iniciou-se a azáfama geral nos arredores e dentro do bar. O rapaz, ali escorado numa das mesas, sangrava, a mulher colocou por um breve momento a cabeça do rapaz sobre seu colo, ela não viu a morte, tão pouco a sentiu por ali.

Algumas pessoas ajudaram a socorrer o rapaz, uns por vontade própria, outros a pedido da mulher, o rapaz não agonizava, ele parecia bem, mesmo sangrando. O bar foi o refúgio, o levaram para dentro, num ambiente de paredes azuis.

Contudo o rapaz de camiseta mostarda não morreu...

Foi tudo um sonho, não sei o que quer dizer, mas ela isso sonhou.

Por Dias, Anderson