sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Ilhota


Imagina-se deitado na areia, sujo, a dias sem comer, repentinamente, sente a água gelada, salgada, do mar, na cara. Sinta-se só, em meio à ilhota gerada pela sua mente, sinta-se no meio do desconhecido, em volta nada te faz sentir seguro, já se faz tarde, o sol se põe, então, logo se sente confuso, não entende nada naquele ambiente do qual você da voltas, e volta ao mesmo lugar, nas extremidades da areia, ainda visível, se vê somente ondas contínuas, mas, mais à frente somente a linha do inalcançável, onde nada mais se vê, logo seu instinto explicitamente avisa que dali para frente não terás chances. Volte o pensamento, de terra firme, pois é ali que você se encontra, escurece a ilhota, o sol não mais está contigo.
O medo nasce emergente em seu coração, toma conta de ti, na ilha tudo permanece normal, aparentemente, você já cansou de voltas e mais voltas por sobre a ilhota, mas sente medo de entrar em seu miolo selvagem, cheio de barulhos estranhos, que aceleram seu coração. Isso é sonho? Não pode ser verdade? Isso não acontece?

És assim que vai ficar? Indagar-se mudará suas circunstâncias? Existe um medo dentro daquele miolo sombrio rindo da sua cara!

És assim que ficará?

Toda aquela valentia em meio à terra dos fracos, não faz diferença agora. Sente que nada faz por ti agora? Sua braveza sem a coragem é coadjuvante somente, se queres mudar definitivamente, deixar sua arrogância, seus erros não corrigidos por seu ego, egocêntrico, absoluto, deverás tomar noção de seu medo existente sim. Dói aceitar, mas algo se esconde nas mãos do medo, que ri à vera da sua cara, assim você se limita, e ficará preso a um circulo vicioso, implantado pelo medo, que consome seus sonhos, com mordidas de degustação, saboreando sua incapacidade que o faz rir, o faz ser maior, e mais presente, e na ilhota nada muda, mas seus projetos são modificados a cada minuto, olhando para você como uma criança sendo devorada tomada pelo pavor da morte precoce, solicitando um socorro imediato, mas crianças não sabem ver covardia, ou coragem, somente pensam que pessoas maiores que elas podem trazer-las a segurança, assim elas pensam.

Viu?

Assim seus sonhos morrem devido a sua fraqueza imposta pelo medo do miolo selvagem e sombrio da ilhota que estás limitado. Deixarás quantos sonhos serem devorados? Quantos?

Levante-te, anda, erga essa cabeça, és forte nessa hora, sinta, sinta agora, veja os pêlos de seus braços sentirem algo na atmosfera, veja-os arrepiados, ignore as tremulações dos joelhos, sinta a respiração ofegante vinda do miolo. Sinta!

Encoraja-se, seu filho está lá dentro na mão do monstro, sua esposa e uma vida melhor são reféns do medo!

Sê Homem!

Sê!

Isso, perfeito!

Entre, avance, o caminho é tortuoso, é o pavor com vida, mas mantenha-se firme, e lute, lute sua vida vale mais que um medo dominador, mais que uma frustração de aluguel, é essa a devida hora, e já é chegada. O medo está próximo, as estrelas vigiam sua caminhada, o mundo na verdade nem sabe que você existe nessa hora, limpe seus pensamentos e cative seus objetivos. Sinta o suspiro de uma vida aclamando por existência digna, estás curado de diversas deformidades, sem ao mesmo notar, agora resta o ir ao ápice dessa cura.

Vê aquela árvore grande, sem folhas e seca?

Ali reside o medo!

Não trave agora, concentra-se, respire e siga com convicção de sua vitória!

O medo se faz presente agora, veja! Então, viu? Isso é o seu medo, sente-se pasmo, surpreso não é mesmo? Na verdade o medo não nada monstruoso é tão somente você mesmo em forma de criança, sem a mão segura de um pai, à encorajar-lo a seguir numa ilhota que não mostra qualquer receptividade de bem-vindo, ou qualquer oportunidade de mudança, ou crescimento, o medo na verdade é mais fraco que você, pois a partir do momento que você toma noção de quem você realmente é, ele perde sua força, sua essência, não tem como ele combater com uma pessoa que firma os pés e se põe a seguir, é aí que ele perde, pois é descoberto, e quando se sente descoberto logo nota que a coragem acabou de nascer, sendo assim ele morre naquele mesmo momento.

Vença o medo e vença você mesmo, nós somos os nossos piores inimigos!

Seu amor, seus filhos, seus projetos e sonhos foram salvos, pois assim você quis, sobretudo você foi aquilo que realmente sempre foi, só que com coragem de viver sua existência com dignidade, agora aproveite o mar e os frutos dessa ilhota de matizes.

Você é aquilo que sua mente criar, então diga quem rege sua mente?

Por Dias, Anderson

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